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Os números que ninguém contava


Minha representação da Vitória Régia como  a dama xxxx
minha representação da vitória régia referência a Dama de Espadas

Em 2024 o grupo de livro de artista (ou simplesmente GE como a turma chama carinhosamente) teve o desafio de produzir um trabalho coletivo. A escolha; um baralho. Com uma curadoria cuidadosa e olhar atento de Fabiola Notari, nossa mentora, seguimos com essa produção paralela a outros trabalhos que individualmente produzimos ao longos dos meses. Mas não era apenas pensar o baralho como um jogo, era conectar as histórias pessoais das integrantes e relacionar suas interpretações com o tema folclore brasileiro.


Foi difícil, mas ao mesmo tempo gratificante poder realizar esse projeto com tantas variáveis - no final a satisfação foi maior porque tivemos a oportunidade de lançá-lo em uma das maiores, se não a mais importante feira de publicações independentes do Brasil, a Feira Miolo(s).


11 artistas representaram suas visões sobre nosso folclore com seus olhares e suas práticas artísticas, o resultado foi um trabalho cheio de significado e variado em técnicas, acompanhado de um encarte com os textos das memórias de cada artista sobre jogos. Os textos refletem a diversidade e personalidade do grupo; todas juntas pela arte de fazer acontecer.


Para matar a curiosidade, segue o meu texto sobre jogos. Espero que goste!

Os números que ninguém contava

Na minha tenra memória fiz um resgate das primeiras experiências e vivências com jogos. Ainda tenho claras as imagens dos meus avós paternos sentados num clima fúnebre em frente a uma mesinha de centro que utilizavam para os momentos de jogatina. Os olhos pousados sobre peças que as vezes eram dominós ou baralhos estavam sempre acompanhados de silêncio e por vezes um esboço de satisfação quando um dos dois mostrava o jogo final.

A casa estava sempre cheia, mas eles tinham o seu ritual diário de jogar enquanto esperavam o jantar. As crianças cercavam os dois como moscas. Na minha curiosidade infantil me fascinava toda a cena e em alguns raros momentos vovô e vovó me deixavam jogar, o que não durava mais que alguns poucos minutos, eu sempre perdia. Uma vez intrigada com as cartas na mesa, minha vó me confidenciou que era fácil ela fazer determinada jogada, pois eles contavam o que estava na mesa para descobrir o que outro tinha nas mãos. Complexo, penso eu até hoje!

Admiro o jogo! Já tive experiências com baralho nessa ordem; jogo do burro, truco e paciência. O famoso pôquer nunca tive interesse em aprender, talvez porque tenha que fazer as tais contas das quais a vovó falava, mas isso dá trabalho e não tenho talento. Por isso faço uma analogia simplista sobre como os jogos estiveram na minha vida; jogo do burro na infância, o truco na juventude e paciência na vida adulta.

 
 
 

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